quarta-feira, 30 de março de 2011

Chernobil, 25 anos depois


Local virou atração turística

Em meio a lagos, terra arenosa e florestas nas estepes ao norte de Kiev, fica Chernobil, que adquiriu notoriedade internacional quando, no dia 26 de abril de 1986, técnicos fizeram uma experiência com um dos quatro reatores de energia nuclear ali instalados. Ele sofreu uma catastrófica explosão de vapor que resultou em incêndio, uma série de explosões adicionais, e um derretimento nuclear. Sem um recipiente de contenção, o conteúdo radioativo foi carregado pelo ar sobre grandes porções da Europa, causando um pânico internacional. Hoje, há uma área de exclusão de 30 km em torno de Chernobil, o que não impede a visita contante de turistas - numa modalidade algo mórbida de passeio.

No período imediamente após a explosão, foram mortos 31 trabalhadores da usina, e milhares de outras pessoas que viviam na região que hoje faz parte da Ucrânia e da Bielorússia receberam doses que radiação que encurtaram suas vidas. Cientistas divergem sobre o número de mortos. A Organização Mundial de saúde afirma que foram 4 mil. Os números do Greenpeace, que parecem notavelmente exagerados, falam em 200 mil.

Níveis significativos de césio 137, estrôncio 90 e isótopos de plutônio ainda poluem o solo local. Em uma zona conhecida como Floresta Vermelha, chegou a um nível 20 vezes mais alto que o da contaminação de Hiroshima e Nagasaki, o que ainda é muito perigoso.

A explosão de Chernobil foi o pior acidente nuclear do mundo, e é o único classificado no nível sete da Escala Internacional de Eventos Nucleares. Os 25 anos do acidente, no mês que vem, certamente ganharão uma ressonância dramática, depois dos incêndios nos reatores de Fukushima, que ressuscitaram temores de que o pânico nuclear tome o planeta mais uma vez- embora o evento no Japão tenha sido classificado no nível cinco da escala.

Há um vasto lago artificial perto da usina principal, que fornecia água para esfriar os reatores. Ela hoje está congelada, mas quando o complexo funcionava, estava morna durante todo o tempo. Com o crescimento de líquen na água, o lagofoi povoada de peixes que se alimentava dele, o que mantinha a água limpa. Depois da explosão, o lago foi banhado por resíduos radioativos, que se depositaram em seu fundo. Hoje, bombas trazem água constantemente do rio Pripyat, na vizinhança, para impedir a evaporação do lago e a exposição de seus sedimentos tóxicos, que podem secar e ser espalhados pelo vento.

E é a cidade de Pripyat que traz as recordações mais perturbadoras. Ela foi construída para alojar as famílias dos trabalhadores das usinas. Lá moravam 50 mil pessoas. O reator 4 explodiu nas primeiras horas do dia 26 de abril, mas elas não foram informadas. Durante todo aquele dia, as crianças puderam brincar fora de casa, apesar dos rolos de fumaça radioativa a poucos quilômetros de distância. Havia rumores de um incêndio, mas pessoas haviam sido doutrinadas a acreditar que um acidente em um reator era impossível - até que chegasse uma frota de ônibus de tarde para tirar os moradores de lá. Disseram que poderiam retornar em alguns dias. Eles nunca voltaram.

O custo do desastre teve enorme impacto nos orçamentos da Ucrânia e Bielorússia. Em 1998, a Ucrânia disse que já tinha gasto U$ 130 bilhões com a limpeza do local, e a Bielorrúsia, outros U$ 35 bilhões. Cientistas afirmam que a radiação afetará a área pelos próximos 48 mil anos, embora daqui a 600 anos seja seguro repovoá-la com seres humanos, relata o Guardian.

Foto: Trey Ratcliff / Creative Commons



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