Quando se começa a estudar a Revolução Industrial, a primeira questão a
levantar é sobre que tipo de revolução estamos falando. Muitas vezes,
entendemos a palavra "revolução" como uma revolta, uma disputa entre
grupos políticos, ou até mesmo, uma guerra civil em determinada sociedade. Mas
não é disso que se trata aqui.
O sentido que usamos neste caso é
o de revolução como uma transformação profunda, uma mudança muito grande, uma
ruptura com o que havia anteriormente. Ao falarmos, então, de uma
"revolução industrial", estamos falamos numa modificação drástica no
modo de fabricação dos produtos consumidos pelo homem.
O surgimento das fábricas, a
produção em série e o trabalho assalariado são as principais características
desta transformação, que alterou a economia, as relações sociais e a paisagem
geográfica.
Primeira Revolução Industrial
Esse processo surgiu
principalmente na Inglaterra no final do século 18. No decorrer do século 19,
outros países iniciaram sua industrialização: os Estados Unidos, a França, a
Alemanha, a Itália, a Holanda, o Japão e a Bélgica. Essa primeira fase da
industrialização é chamada de Primeira Revolução Industrial, que vai de 1760 a
1860. Os principais recursos materiais utilizados nessa fase foram o ferro, o
carvão, o tear mecânico e a máquina a vapor.
Segunda Revolução Industrial
Já a segunda fase do processo,
que é conhecida como Segunda Revolução Industrial, dá-se entre 1860 e 1900 e se
baseia no aço, na energia elétrica e em produtos químicos.
A industrialização define
fortemente a era contemporânea e o mundo em que vivemos hoje é fruto direto
dela. O capitalismo adquiriu sua plena expressão através da industrialização.
As relações sociais atuais são determinadas pela forma como se estrutura o
trabalho e a luta pela sobrevivência. Além disso, muitos fatos históricos
decorreram da industrialização dos países europeus e da disputa entre eles por
novos mercados consumidores e fontes de matéria-prima. Isso explica a partilha
da África ocorrida no século 19, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
e a conseqüente Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Todos os produtos que o homem usa
e consome, e que não estão em estado natural, foram transformados através do
trabalho humano. Este trabalho humano na confecção de produtos passou por uma
evolução tecnológica no decorrer da história do mundo ocidental.
Artesanato e manufatura
Até o período medieval (entre
meados do ano 400 d.C. até 1300 d.C.), os produtos eram feitos de maneira
artesanal, através das corporações de ofício. Essas corporações eram grupos de
artesãos que faziam todos o mesmo produto, artesanalmente, criando normas
coletivas de fabricação e distribuição da mercadoria.
Com o renascimento comercial,
no final do período medieval (século 11) começou a haver um novo controle sobre
a forma de produção. O artesão que produzia uma cadeira, por exemplo, não era
mais dono de seu produto. Ele passava a ser empregado de outra pessoa, que era
dono das ferramentas e do material. Esse processo é chamado de manufatura, em
que o produtor não é mais dono do que fabricou. O produtor vende sua força de
trabalho em troca de pagamento, utilizando as ferramentas e o material de quem
os possui.
A industrialização é uma etapa
mais elaborada da manufatura, pois devido às novas descobertas tecnológicas,
como a máquina a vapor, a produção pôde ser dinamizada. Agora o trabalhador é
obrigado a trabalhar seguindo o regime da fábrica. Ele passa grande parte do
seu dia dentro dela, fazendo tarefas repetidas sem parar. Cada trabalhador
responsável por uma etapa do produto. Além de não ser dono das máquinas e da
matéria-prima, o trabalhador vende sua força de trabalho e seu tempo ao dono da
fábrica. O valor que recebe em pagamento não é determinado por ele, mas pelo
patrão, que, em geral, não vai remunerá-lo corretamente.
Exploração e resistência
Esse processo de
industrialização, que submeteu os trabalhadores ao regime das fábricas, trouxe
muitas transformações. Além de alterar o próprio ritmo de fabricação,
conseguindo produzir mais mercadorias em menor tempo, a industrialização
alterou a vida dos homens e forçou uma rápido crescimento das cidades.
Assim, na Inglaterra do século
18, os ricos haviam se apropriado dos campos para obter matérias-primas para
suas fábricas. Nesse processo, eles cercaram suas terras e expulsaram a maioria
dos camponeses, que foram para as cidades. Lá chegando, devido ao excesso de
mão-de-obra, os trabalhadores acabaram tendo que se sujeitar ao regime desumano
de trabalho das fábricas. Nesse período, recebiam salários baixíssimos. Além
disso, crianças, mulheres, homens e idosos eram obrigados a cumprir jornadas de
trabalho de até 18 horas.
Obviamente que essa exploração
extrema gerou conflitos e resistências. Os trabalhadores quebraram máquinas,
fizeram greves, se organizaram, formaram sindicatos. No decorrer do século 20,
muitos direitos foram conquistados, criando melhores condições de trabalho e,
inclusive, leis que protegem os trabalhadores.
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