quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Com uma sala para as atividades, UFPE lança curso de Dança

Por Rodrigo de Luna
Com apenas uma sala específica para os alunos desenvolverem suas atividades diárias, por enquanto, o novo curso de Dança, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), traz esperança para os candidatos a uma vaga e expectativas para os professores. Os alunos ocuparão, inicialmente, o local utilizado pelo curso de Artes Cênicas atualmente.
Uma das idealizadoras do projeto, a professora Rose Mary Martins, explica que essa é uma nova habilitação do curso de Licenciatura em Educação Artística. Dança irá funcionar junto às habilitações de Artes Visuais e Artes Cênicas, todas voltadas para formação de professores. Ela afirma que a nova habilitação surgiu de uma demanda externa, da vontade de muitos profissionais que já atuavam na área.
“Os integrantes do Movimento de Dança Recife trouxeram a primeira idéia de formação do curso no Estado, e nós, depois de muito empenho, estamos conseguindo implantá-la”, diz. Reconhecendo as dificuldades, Rose Mary completa que foram planejadas duas formas de oferecer a habilitação: o modelo ideal e o modelo real. É com esse segundo que o curso vai começar.
A sala, segundo a coordenação do novo curso, acomoda 25 alunos com folga. Mas será feito um esforço para que todos os 30 estudantes possam ter aulas sem prejuízos. De acordo com o projeto Reuni, que irá expandir as vagas nas universidades federais nos próximos anos, estima-se que até 2010 uma nova sala seja construída por ano, totalizando quatro salas de dança. “O Centro de Artes surgiu em 1975, mas, hoje, inchou muito. Já ficamos sabendo que nosso departamento ocupará o espaço do curso de Música, que deve ganhar um novo prédio”, ressalta Rose Mary.
Cada um dos alunos terá parte do treinamento de bailarino ou coreógrafo. Eles não poderão ser considerados bailarinos porque a carga horária de aulas práticas e específicas para esses profissionais deveria ser bem maior do que a que a graduação oferecerá. O coordenador do curso, Arnaldo Siqueira, diz que uma formação universitária é uma boa base para quem quer seguir a carreira artística.
No total, 60% das disciplinas serão práticas e, 40%, teóricas, e haverá uma complementaridade entre as duas áreas. Serão aulas de estudo do corpo, expressão artística, dança prática, estudos críticos da dança, que podem englobar áreas da dança clássica ou contemporânea. Em relação aos professores capacitados para ofertar as disciplinas, hoje, só existe um: o coordenador do curso. Mas ele completa que, até o fim do ano, três novos professores devem chegar, especializados nas áreas de Teoria e História da Dança, Técnica de Dança e Dança e Educação. Em 2009, mais dois professores completarão o quadro de docentes para a primeira turma.
A participação de profissionais da Dança no curso deve ser muito intensa, inclusive com professores colaboradores. O diretor da Compassos Cia de Dança, Raimundo Branco, diz acreditar nisso. Ele defende que a habilitação qualifica o professor de Dança, no entanto, não deve excluir profissionais que já têm espaço consolidado no mercado e não possuem curso superior. “Para isso não acontecer, é fundamental a criação de uma legislação específica para a área, que trate, principalmente, do piso salarial da categoria, para que os professores não sejam explorados”, destaca.
Quanto às expectativas para o curso, Branco é otimista: “Tem muita gente boa que está inscrita para tentar uma vaga. E se o curso atender a essas pessoas com a qualidade que elas merecem, sairão excelentes profissionais da universidade”.
PREPARAÇÃO E FORMAÇÃO
A estudante Ailce Moreira, 21 anos, se prepara para realizar o sonho que surgiu há cerca de quatro anos: viver da dança. Sobre as disciplinas do curso, ela ainda não tem muitas informações, mas, diferente de muitos candidatos, tem a consciência de que se formará como professora de Dança e, não, como bailarina. “Para quem pretende ser bailarina, como eu, o curso universitário será uma ótima base. No entanto, não é o suficiente para formar esse profissional”.
A estudante Janaina Gomes está no sexto período de Artes Cênicas. Bailarina da Compassos Cia de Dança, a estudante ficou balançada para mudar de curso na universidade. Ela afirma que muitas cadeiras entre as duas habilitações são as mesmas ou parecidas, por isso, pretende se formar em cênicas, estudar disciplinas de dança e garantir o diploma nas duas áreas. “Até um tempo atrás, não havia perspectivas para quem era dessas duas profissões. Hoje, acredito que o mercado é a gente que faz. E a arte, em Recife, está fervendo.”, diz.
TESTE DE APTIDÃO
É importante que o candidato a uma das vagas saiba que o Teste de Aptidão para Dança é eliminatório. No dia 26 de outubro, cada candidato, individualmente, vai se apresentar para uma banca examinadora, composta por profissionais de Dança. Será um conjunto de atividades e exercícios corporais, acompanhados ou não de música, com o objetivo de avaliar o potencial do candidato para se expressar por meio da dança.

Os aspectos observados serão: postura, domínio corporal, ritmo, orientação espacial, percepção e memória do movimento, além de criatividade, comunicação e versatilidade. Passadas essa parte, o candidato poderá se sentir mais próximo de sua vaga.
CURSO: DançaDURAÇÃO: 4 anosHORÁRIO: NoiteVAGAS: 30 (1ª Entrada)
O QUE É: O curso estimula o desenvolvimento das competências críticas, metodológicas e criativas nos alunos, para que estes possam atuar prioritariamente na educação básica, agindo como formadores no campo do ensino da dança.MERCADO DE TRABALHO: Atua como professor em escolas e academias de dança, fundações e centros culturais, escolas públicas e privadas da educação básica.SALÁRIO: a partir de R$10 a hora/ aula (valores de hoje, pois ainda não existe curso superior de dança no Estado)

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